sábado, 30 de janeiro de 2016

Punição Pública (Parte 2)

Faltava pouco mais de 1 hora antes do meu julgamento, me comunicarão que a juíza Vanessa julgaria meu caso, eu já tomara minha decisão (apenar de praticamente não haver escolha) mesmo assim eu estava muito preocupado, quanto tempo ficaria com esse castigo? Como as pessoas me olhariam na rua (isso se eu tivesse coragem de sair de casa)? E no meu trabalho, o que meus colegas diriam? Eram muitas perguntas angustiantes, principalmente quando se está peso em uma cela esperando para ser julgado.

Naquele distrito que eu estava (como nos demais) haviam sempre poucas pessoas, tirando os policiais – oficiais da lei que vão te prender caso você jogue uma merda de papel no chão. Naquela tarde havia dois presos, esse vos fala e um cara gordo sentado perto das barras de aço na cela adjacente a minha, ele estava tenso também, não muito mais do eu, mas dava para perceber – talvez ele tenha o mesmo destino, ou ainda está pensando qual opção vai tomar quando for a julgamento. Me passou uma imagem dele usando aquela pele preta de borracha no corpo todo, senti pena dele, seria muito mais humilhante por causa de seu peso avantajado – Devia ter uns 120 quilos no mínimo; estranhamente isso me deixava feliz, fiquei feliz por não seu o único a receber um castigo tão cruel (a não ser que ele seja estupido de mais para escolher a penitenciaria – muito mais a perder). Resolvi puxar assunto com meu companheiro redondo.

- E aí cara, tudo bem?

Ele não falou nada. Tentei novamente.


- Mundo injusto, não é? Porque está aqui? Ele continuou em silêncio – Não quer falar né? Tudo bem, também estou chateado cara, mas saiba que você não está sozinho. Agora eu estava falando como um daqueles pastores da tv, tentando consolar e dar conforto para seu rebanho, mas aqui não tinha dizimo.

- Meu nome é Br... antes mesmo de conseguir me apresentar um forte e estrondoso, CALA BOCA AÍ NO FUNDO!!!, veio de um dos guardas de plantão. O gordo então se levantou – Parecia mais gordo ainda – meio perto da divisória que separava as celas, me olhou no fundo dos olhos e disse quase sussurrando:

- Meu irmão, a situação tá preta pro seu lado, é bom ficar de boca fechada.

Quase respondi - o mesmo para ti, “irmão”, só que neste instante um homem de gravata xadrez entrou no recinto segurando uma pasta, estava acompanhado por um guarda (não era o mesmo que havia gritado para calar a boca), ele sorria e anunciava as boas novas.

- Lucas, Lucas, Lucas, meu amigo, consegui!!! Está livre meu rapaz!
Eu não acreditava no que estava acontecendo, Lucas (o gordo mal-humorado) estava livre, como assim?
- Vamos seu guarda, abra essa logo cela, meu cliente não fica aqui nem mais um segundo.
- Fica frio, já vou abrir!
- Em pleno 2037, crimes grau 1 ainda tem que passar por essa palhaçada de detenção policial, e no distrito mais longe da minha casa. Vou cobrar o combustível viu Lucas, é a terceira vez que livro sua pele.
Visivelmente irritado o guarda resmungou.
- Ponto, agora caiam fora os dois!
- E mais uma coisa se o seu cliente for pego de novo é strike 3 e garanto que por mais leve que for o delito, na fixa dele vai ter pelo menos um grau 2, pode apostar!
O gordo estava aqui bem antes de eu ser atuado pelo policial, possivelmente ouviu os policiais comentarem sobre o meu crime grau 2. Agora eu sentia em um misto de raiva e medo – Gordo filho da puta, já sabia sobre meu crime, e eu ainda tentando consola-lo sobre o seu grau 1, desgraçado! O gordo sai da cela (estava ofegante), olhou para mim deu uma risada de canto de boca e falou em um tom inaudível, típico para leitura labial.
- SE-FUUU-DE-U!
O advogado me olhou e se aproximou das grades.
- Eí filho! Olhei para ele com cara de cachorrinho pidão - não precisa ficar nessa cela, faço um precinho bacana para você, e antes de anoitecer já estará em casa assistindo tv. Antes que pudesse implorar pelo seu serviço a realidade me deu um tapa na cara vindo na velocidade do som que saiam das palavras do guarda.
- Mark fique longe desse aí, ele é grau 2, daqui apouco é o seu julgamento.
Mark, o advogado, me olhou com pena.
- Desculpa filho, não sabia, de qualquer forma boa sorte. Se precisar de um advogado aqui este meu cartão.
- Eu fico com isso Mark, o guarda puxou-o se sua mão - para onde o garoto vai não tem advogados, graças a Deus.
- Agora vamos, tenho que arquivar o laudo do Lucas e você tem que assinar de novo aquela papelada.  
Os dois saíram, fiquei sozinho, faltava meia hora para meu julgamento.
Fui levado a um mini tribunal em forma de círculo com uma cadeira no meio (aonde eu estaria logo mais), fronte a ela existia um púlpito, local onde o juiz presidia. Do meu lado direito uma tela grande exibia um resumo de todos os julgamentos que já ocorreram naquele dia, escrito e em verde, quase todos mostravam CONCLUIDO; todos esses julgamentos eram de grau alfabético, muito mais branco do que os numéricos (na maioria eram direito à pensões ou brigas judiciais em geral), o meu era o único numérico grau 2, (pelo menos era único que estava marcado para acontecer, pois logo abaixo do meu aparecia um grau 1 escrito CANCELADO – muito provavelmente o do Lucas).
O pequeno tribunal foi se enchendo aos poucos, a maioria dos espectadores eram policiais, o policial que havia me prendido, Igor, estava na primeira fileira do lado de um casal de meia idade (provavelmente eram seus pais), Igor vestia um terno azul e seu cabelo era ajeitado por mãe, que com certeza ainda o colocava na cama e dava um beijo de boa noite antes de dormir.
Fui posto no meu lugar, meus pulsos doíam por causa da pulseira de contenção (ainda mais apertada do que quando fui pego). Um oficial anunciou a entrada da juíza Vanessa, ela me olhou colocou seus óculos e leu meu crime. Então agora estava sendo oferecido minhas escolhas de punições - 3 meses de prisão (com perda total de meus bens), ou um mês de ' castigo expositivo ".
Eu estiquei minha cabeça para frente e mesmo sabendo a resposta perguntei.
- Por favor, senhora juíza, você poderia me dizer o que é castigo expositivo?
Um oficial sussurrou em meu ouvido: "Isso significa que você tem que usar uma roupa de borracha o tempo todo. E você deve abordar a juíza como, 'Sua máxima Excelência”. Então respondi com muita tristeza, mas com um fio de esperança.

-Por favor, vossa máxima Excelência, eu gostaria de receber o castigo expositivo.

Sem hesitação alguma ela proclamou minha sentença.

- VOCÊ ESTÁ CONDENADO A UM MÊS DE CASTIGO EXPOSITIVO GRAU 3! Leve-o para sala de preparo!
- Declaro esse julgamento concluído.


Fui levado pelos policiais sob aplausos dos espectadores.

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